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Delegado diz que drone mostrou cerca de 70 homens com fuzis na porta da casa de Doca no início de megaoperação

O Ministério Público do Rio de Janeiro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) depoimentos de policiais que participaram da operação do dia 28 de outubro n...

Delegado diz que drone mostrou cerca  de 70 homens com fuzis na porta da casa de Doca no início de megaoperação
Delegado diz que drone mostrou cerca de 70 homens com fuzis na porta da casa de Doca no início de megaoperação (Foto: Reprodução)

O Ministério Público do Rio de Janeiro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) depoimentos de policiais que participaram da operação do dia 28 de outubro nos Complexos do Alemão e da Penha, que terminou com 121 mortos — 4 deles, policiais. Entre os relatos, chama atenção a descrição do delegado Moyses Santana Gomes sobre o monitoramento da casa de Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como chefe do Comando Vermelho. Segundo o delegado da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, imagens de drone mostraram mais de 70 homens armados com fuzis concentrados na porta da casa do traficante na véspera da ação. As imagens não foram divulgadas. “Doca é um traficante de enfrentamento, de confrontar as forças policiais. Então, a gente estava preparado para encontrar uma resistência muito grande e sabia que teríamos dificuldades, e foi o que acabou de fato acontecendo. Até o início das incursões das forças policiais, nós já estávamos com monitoramento aéreo, então, nós sabíamos que havia um grupo grande de traficantes que estava posicionado, no início da operação, em frente à casa do Doca", disse o delegado. Doca conseguiu escapar da megaoperação e está foragido. Armas: apreensão de 10% do arsenal Tipos de fuzis apreendidos em operação no RJ contra o Comando Vermelho Foto: Leslie Leitão/TV Globo e Arte: g1 Outro documento anexado ao relatório, produzido pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP no dia 29 de outubro, chama atenção para o número de armas apreendidas na operação — 91 fuzis. A inteligência da Polícia Militar estimou em 2023 que havia 926 fuzis apenas nos Complexos da Penha e do Alemão. A coordenadoria ressalta que a estimativa tem mais de dois anos, e o total pode ter aumentado. Assim, as apreensões representariam apenas 10% do arsenal, causando prejuízo ao Comando Vermelho, mas sem comprometer a continuidade das ações criminosas. AK, AR, FAL: tudo sobre os 7 modelos de fuzis apreendidos Operação adiada por clima, movimentação e até por um muro No depoimento, o delegado também disse que a operação chegou a ser adiada “algumas vezes” por diversos fatores: o clima, movimentações de traficantes e até a construção repentina de um muro pelos criminosos na região monitorada. A prorrogação do prazo para o governo prestar esclarecimentos ao STF foi concedida pelo ministro Alexandre de Moraes. A nova data para envio das informações é segunda-feira (17) — o prazo anterior terminaria no dia 12. Enquanto isso, o Ministério Público já coleta depoimentos de agentes que atuaram no planejamento e na execução da operação. A decisão de enviar os documentos ao Supremo também atende a pedidos do ministro, que cobrou informações do próprio MP, do Tribunal de Justiça e da Defensoria Pública. Câmeras corporais: falhas e números abaixo do exigido Menos da metade de policiais do Bope e da Core utilizou câmeras corporais em megaoperação Os depoimentos também revelam problemas no uso de câmeras corporais — item obrigatório por decisão do STF para todos os agentes em operações policiais no Rio. O coordenador da Core, delegado Fabrício Oliveira, afirmou que apenas 57 dos 128 policiais do grupo usaram câmeras no dia da ação. Ele disse que houve um problema operacional: uma das docas onde os equipamentos ficam armazenados apresentou falha, constatada pela empresa responsável. No Bope, segundo o comandante, tenente-coronel Corbage, apenas 77 dos 215 policiais atuaram com câmeras. Cerca de 40% dos policiais do Bope e da Core usaram câmeras corporais MP destaca casos atípicos em necropsias O relatório do MP enviado ao STF também inclui informações técnicas obtidas no acompanhamento de exames de necropsia no Instituto Médico Legal. Dois casos foram destacados como “atípicos”: um corpo com características de tiro a curta distância; outro com tiro à distância, mas também com ferimento de decapitação causado por instrumento cortante. Próximos passos Após ouvir os responsáveis pelo comando e pelo planejamento da megaoperação, os promotores passarão agora à fase de investigação das mortes ocorridas durante o confronto. O MP quer tomar depoimentos de policiais que estavam na linha de frente. Dos 117 mortos, além dos 4 agentes de segurança, a Promotoria busca identificar circunstâncias, locais e a dinâmica de cada ocorrência.